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Censo 2022 tem questionário direcionado às comunidades quilombolas pela primeira vez

IBGE realizou nesta quarta (17/8) Dia de Mobilização do Censo Quilombola para marcar a inovação

“Você se considera quilombola?”. Pela primeira vez, os brasileiros moradores de comunidades quilombolas irão responder esta pergunta em um Censo Demográfico. Mais do que contar quantos descendentes de quilombos existem, o Censo vai dar visibilidade às estas comunidades.

Com o objetivo de sensibilizar as lideranças e comunidades quilombolas a responderem ao Censo, o IBGE realizou nesta quarta-feira (17/8) o Dia de Mobilização do Censo Quilombola em oito territórios quilombolas do país, entre eles o Distrito de Forte do Príncipe da Beira, no município de Costa Marques.

“Estamos muito honrados por cumprir nossa missão social de retratar a sociedade brasileira e sua dinâmica”, fala o superintendente do IBGE, Luiz Cleyton Holanda Lobato.

De acordo com o presidente da Associação Quilombola do Forte, Elvis Pessoa, o Distrito foi formalizado em 2005, mas o Quilombo de Ana Moreira é de data anterior à construção do Forte do Príncipe da Beira. “Quando os portugueses chegaram, Ana Moreira estava aqui com seus negros e suas cabanas”

Quem responde ao Censo Quilombola?

A questão “Você se considera quilombola?” não vai aparecer em todos os questionários, apenas em locais previamente definidos pelo IBGE. Há três diferentes tipos de áreas quilombolas mapeadas pelo IBGE:

– territórios quilombolas oficialmente delimitados, segundo informações do INCRA e institutos de terra estaduais;

– agrupamentos quilombolas, áreas com pelo menos 15 indivíduos e domicílios próximos espacialmente;

– áreas de interesse operacional quilombola: área definida a partir de dados do IBGE e de registros administrativos de órgãos oficiais e instituições parceiras, caracterizadas pela dispersão dos domicílios ocupados ou onde não foi possível confirmar a presença de população quilombola.

 

Quilombos em Rondônia

Em Rondônia, foram mapeados três territórios quilombolas oficialmente delimitados, quatro agrupamentos quilombolas e cinco áreas de interesse operacional quilombola, todos localizados em municípios da região do Vale do Guaporé.

Caso o informante se declare quilombola, o recenseador perguntará “Qual o nome da sua comunidade?”.

Essas duas perguntas possibilitarão que todo o restante do questionário, com temas como trabalho, renda, saúde, educação, gere dados para a população quilombola e também para cada comunidade.

 

Abordagem diferenciada

Assim como os indígenas, os quilombolas são classificados no Censo como Povos e Comunidades Tradicionais (PCT) e, por isso, têm um tratamento diferenciado em relação à abordagem e um questionário adaptado.

Antes de iniciar a coleta, o recenseador deve procurar a liderança local e agendar uma reunião, chamada pelo IBGE de reunião de abordagem, na qual vai dar mais detalhes sobre o IBGE e o Censo Demográfico.

Todos os recenseadores que atuarão em áreas quilombolas ou indígenas passam por um dia a mais de treinamento para tratar especificamente do recenseamento junto a povos e comunidades tradicionais.

Luiz Cleyton ressalta que houve um grande avanço em relação ao Censo 2010 quando se trata de PCTs. “No último Censo, nós avançamos em relação aos indígenas, porque foi a primeira vez que o IBGE questionou sobre a etnia e língua falada. Para este Censo, o instituto aprimorou a abordagem aos indígenas e fará uma abordagem própria para os quilombolas”.

O superintendente fala ainda “que os questionários direcionados para PCTs foram amplamente discutidos com instituições representantes destes povos”.

(Amabile Casarin / Analista Censitária – Jornalismo)

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