Empresa Lotus atuou no Amazonas e outros estados com a promessa de pagar juros altos por empréstimos consignados
Servidores públicos do Amazonas procuraram a Polícia Civil para registrar ocorrência contra uma financiadora que teria aplicado golpes usando o crédito consignado. Conforme denunciado, a empresa Lotus Corporate oferecia comissão de até 12% aos servidores para utilização da margem de crédito consignado aprovado pelos bancos. Pelo suposto negócio vantajoso, a empresa pagaria em 12 meses o valor integral do empréstimo além dos juros mensais e comissão.
De acordo com declarações das vítimas, há cerca de um mês, a Lotus começou a atrasar as parcelas e depois desapareceu sem pagar os valores mensais aos servidores públicos e ainda não pagaram os bancos que agora estão cobrando as dívidas dos contraentes. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), através do 22º Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde teria mais de 200 Boletins de Ocorrências (BOs) registrados contra a financiadora.
Entre as vítimas estão servidores públicos federais de órgãos como Suframa e Universidade Federal do Amazonas. Pelos relatos, a empresa estaria registrada nos nomes de Jorge Luiz Guimarães de Araújo Dias e Farley Felipe de Araújo da Silva. Outro envolvido, identificado como Humberto, teria deixado a sociedade por não concordar com algumas decisões e teria fundado o grupo SLM, que presta o mesmo tipo de serviço. Em vídeos e fotos postados em redes sociais, os sócios apareciam ostentando vida luxuosa em festas com exibição de pacotes de dinheiro. O registro da empresa aparece com a razão social de Lotus Business Center Promoção de Vendes Ltda, com inscrição no CNPJ 36.270.401/0001-09, tendo sede em Manaus, capital do Amazonas.
Além de Manaus (AM), o mesmo golpe teria sido aplicado contra servidores públicos de Belém (PA), Boa Vista (RR) e Natal (RN), onde a empresa mantinha operações de crédito similares. Advogados especializados contratados pelas vítimas já estão em Manaus acompanhando as investigações. O advogado Cristiano Pinheiro, disse que a proposta apresentada pela Lotus e SLM não compensa porque aumentaria o endividamento das vítimas e não tinha garantia nenhuma de solucionar o problema. “Nós já fizemos uma notícia criminal e estamos entregando a documentação completa à Justiça, Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal e Polícia Federal porque o nosso escritório tem estrutura para dar assistência aos clientes em todos os estados. Conclamamos aos servidores que foram lesados que procurem seus direitos”, explicou o advogado.
A empresa utilizava de influenciadores digitais para divulgar o esquema e atrair as vítimas com ofertas vantajosas. No fluxograma elaborado com base na investigação consta como agia o grupo.
Através do perfil no Instagram, a Lotus Corporate emitiu a seguinte nota:
“Sobre os fatos ocorridos no dia de 03.10.2022, e sempre mantendo a cordialidade e transparência com todo o público e principalmente com seus clientes, a Lotus, empresa já consolidada no mercado, vem por meio do presente informar que está trabalhando de forma a sempre honrar seus compromissos, inclusive já buscando alternativas e quaisquer que sejam para que nenhum parceiro seja penalizado. É uma conduta que sempre foi inerente à empresa e que continuará a ser. Apenas para efeitos de esclarecimentos, até mesmo a aquisição por parte de outro grupo igualmente renomado na cidade de Manaus estão em tratativas, já tendo recebido propostas inclusive para a migração dos contratos de seus parceiros com a consequente quitação. O grupo em questão é o SLM. Por fim, mantendo sempre seus canais de contatos abertos, estamos à disposição para esclarecimentos. Manaus, 03 de outubro de 2022.”
Outros comunicados foram postados em redes sociais, porém os servidores públicos acreditam que foram vítimas de golpe, uma vez que as promessas não vem sendo cumpridas.