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FMI apresenta perspectivas sombrias para economia mundial; Brasil é exceção

Em seu novo relatório sobre a evolução econômica global, o Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu um aviso claro: as perspectivas de crescimento “estão inclinadas esmagadoramente para o lado negativo” e, se os riscos se concretizarem, poderão empurrar a economia mundial para uma das piores recessões em meio século. Entre as exceções estão o Brasil e o México.

O Fundo está mais preocupado com as conseqüências da guerra na Ucrânia, incluindo a possibilidade da Rússia cortar o fornecimento de gás natural para a Europa, bem como um novo aumento nos preços dos alimentos devido ao efeito da guerra no fornecimento de grãos, o que poderia desencadear a fome.

E, acrescenta o FMI, se esses “choques” forem muito fortes, “eles podem causar uma recessão acompanhada de alta inflação (estagflação)”. Isso estagnaria o crescimento global, reduzindo-o para 2% em 2023, uma taxa vista apenas cinco vezes desde 1970, adverte o FMI.

Perspectivas de crescimento em desvantagem

O aumento da inflação global e uma desaceleração nos Estados Unidos e na China levaram o FMI a diminuir suas perspectivas de crescimento para a economia global este ano e no próximo, advertindo que a situação pode piorar muito.

“O panorama ficou consideravelmente sombrio desde abril”, disse o economista chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas. “O mundo poderá em breve ficar à beira de uma recessão global, apenas dois anos após a última”, acrescentou.

“As três maiores economias do mundo, os Estados Unidos, a China e a zona do euro, estão empatando nessa estagnação com grandes conseqüências para o panorama global”, estimou ele.

A “tentativa de recuperação” da recessão pandêmica do ano passado foi seguida por “desenvolvimentos cada vez mais sombrios em 2022, à medida que os riscos começaram a se materializar”, diz o Fundo Monetário Internacional, que considera cada vez mais provável uma recessão.

“Vários choques atingiram uma economia global já fragilizada pela pandemia, incluindo a guerra na Ucrânia, que fez subir os preços de alimentos e energia, levando os bancos centrais a aumentar as taxas de juros”, disse Gourinchas em seu painel do World Economic Outlook (WEO).

O relatório WEO reduziu a estimativa de crescimento do PIB global em 2022 para 3,2%, 0,4 pontos percentuais abaixo da previsão de abril.

Os confinamentos causados pela Covid-19 e o agravamento da crise habitacional têm dificultado a atividade econômica na China, enquanto os aumentos agressivos das taxas de juros por parte do Federal Reserve, o Benco Central americano, estão desacelerando o crescimento dos Estados Unidos.

Brasil e México, as exceções

“A desaceleração na China tem conseqüências globais: os confinamentos aliados às interrupções da cadeia de fornecimento global e ao declínio dos gastos domésticos reduzem a demanda por bens e serviços dos parceiros comerciais da China”, adverte o relatório do FMI.

Houve algumas exceções neste panorama sombrio, incluindo melhorias na Itália, Brasil e México, bem como na Rússia, que está se beneficiando dos preços mais altos do petróleo devido às sanções ocidentais, observa o WEO.

Para o Brasil, a estimativa é de 1,7% (+0,9 pontos percentuais em relação a abril), enquanto o México deverá crescer 2,4% (+0,4 pontos percentuais).

Para a América Latina e o Caribe como um todo, o FMI elevou suas perspectivas de crescimento para este ano para 3%, uma revisão para cima de 0,5 pontos percentuais “como resultado de uma recuperação mais forte nas grandes economias”: Brasil, México, Colômbia e Chile.

O texto não fornece dados sobre os dois últimos países, mas deve detalhar suas previsões para a região no final da semana.

Prioridade: a inflação

“Controlar a inflação deveria ser a prioridade máxima” para os governos, argumenta o FMI, mesmo que isso inclua medidas dolorosas para os cidadãos, pois os danos causados por permitir que a inflação ficasse fora de controle seriam muito piores.

“Uma política monetária mais rígida terá inevitavelmente custos econômicos reais, mas os atrasos só os agravarão. O FMI espera que os preços ao consumidor aumentem 8,3% este ano e 9,5% nas economias de mercado emergentes.

Estados Unidos e China

A economia global reagiu melhor do que o esperado nos primeiros três meses do ano, mas parece ter “encolhido no segundo trimestre, a primeira contração desde 2020”, diz o FMI.

O Fundo rebaixou as previsões de crescimento para a maioria dos países, incluindo os Estados Unidos e a China, que perderam mais de um ponto percentual em relação às previsões anteriores.

O FMI está apostando num crescimento norte-americano de apenas 2,3% em 2022, à medida que os consumidores gastam menos e as taxas de juros sobem. O relatório não exclui que uma recessão, definida por dois trimestres de crescimento negativo, já tenha começado.

Espera-se que a economia da China desacelere acentuadamente em 2022, para 3,3%, a expansão mais lenta em mais de quatro décadas, excluindo o período de crise pandêmica em 2020.

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