Mesmo diante dos desafios enfrentados pela pandemia da covid-19, é importante continuar avançando na redução do número de casos de malária rumo à eliminação, de maneira a reduzir inequidades, minimizar um problema de saúde pública e melhorar a qualidade de vida da população sob risco da doença. A estruturação do enfrentamento à doença em planos locais estratégicos e específicos é imprescindível para alcançar o objetivo da eliminação.
A malária foi a principal pauta discutida entre técnicos de saúde da Agência Estadual de Vigilância em Saúde – Agevisa, durante uma reunião de avaliação, em que foram abordadas as “Estratégias de diagnóstico e tratamento”, com base no Plano Nacional de Eliminação da Malária, lançado pelo Ministério da Saúde do Governo Federal.
O coordenador do programa de prevenção à malária da Agevisa, Valdir França declara que durante a reunião, foi apresentado o Plano Estadual de Eliminação da Malária, que será compartilhado junto aos municípios. “O Plano segue as mesmas diretrizes do Ministério da Saúde, com o fortalecimento da rede de diagnóstico de malária, tratamento, além da estruturação que será feira por etapas”.
O diretor-geral da Agevisa, Gilvander Gregório de Lima, salienta ainda que, assim como o Estado, todos os municípios também terão que montar um plano para a eliminação da doença, com a Agevisa dando o auxílio de planejamento das etapas junto aos gestores. “Precisamos da parceria de cada prefeito na execução deste plano, além dos secretários municipais de saúde”.
No Plano Nacional de Eliminação da Malária, do Governo Federal, existem metas para a eliminação da doença até 2025, com a previsão de 64 mil casos; em 2030, a previsão é de 14 mil casos e até 2030, zero óbitos, sem casos de malária da espécie Falciparun.
A malária é uma doença com alto potencial epidêmico, sofrendo variações bruscas de acordo com variações climáticas e socioambientais, e, principalmente, variações na quantidade e qualidade das intervenções de controle. A sazonalidade da transmissão de malária é diferente em cada estado da região amazônica. De forma geral, há um pico sazonal de casos de malária no período de transição entre as estações seca e úmida.
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
Em 2020, foram detectados 145.188 casos de malária no Brasil. Comparando com o ano de 2019, quando foram registrados 157.452 casos da doença, houve redução de 7,8%. Do total de 808 municípios da região amazônica, considerando o ano de 2020, 37 concentraram 80,0% do total de casos autóctones de malária. Em relação à totalidade dos municípios do País, apenas 5,0% (280) tiveram relato de transmissão de malária no ano de 2020.
A transmissão da malária está intimamente ligada aos aspectos ecológicos e socioeconômicos da região onde ocorre a transmissão. Rondônia, cuja vocação econômica é principalmente agrícola, concentra 45% da malária em localidades rurais. A transmissão urbana da doença corresponde a 28,4%. A transmissão em áreas especiais representa 26,6% dos quais 21,2% em área indígena e 5,4% em áreas de garimpo.
“Há de se ressaltar que o controle e a eliminação da malária nessas áreas especiais tendem a ser mais complexo, em função das dificuldades de acesso, diferenças culturais e menor adesão às medidas de controle, especialmente nos locais de garimpo ilegal”, salientou Valdir França.