Às vésperas da COP30, Belém aposta na cultura, criatividade e hospitalidade para encantar o mundo

Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a capital paraense se prepara para receber visitantes de todos os continentes com uma combinação de arte, hospitalidade e orgulho regional. Desde o desembarque no aeroporto, murais coloridos com araras, onças e o lendário Curupira anunciam o clima festivo e a identidade amazônica que Belém deseja apresentar ao mundo.

Acostumada a acolher multidões durante o Círio de Nazaré — uma das maiores manifestações religiosas do planeta —, a cidade aposta na força da sua cultura para conquistar os participantes da conferência climática e deixar uma marca duradoura nos visitantes.

No tradicional Ver-o-Peso, a maior feira a céu aberto da América Latina, o artesanato ganha novas formas e significados. Além dos tradicionais souvenirs religiosos, multiplicam-se produtos alusivos à COP30, como canecas, camisetas e peças de cerâmica com pinturas inspiradas na fauna e nos símbolos regionais, entre eles o muiraquitã, a onça, o Curupira e a bandeira do Pará.

“Estamos nos preparando desde o ano passado. A procura por lembranças da Amazônia aumentou muito — cestarias, cerâmicas e os bichinhos das nossas lendas, como o Boto Rosa e a arara”, relata a artesã Luzilena Silva, que atua na feira e reforçou o estoque para atender à demanda crescente de turistas.

Perfumes e ervas com saber ancestral
Nos corredores perfumados do Ver-o-Peso, as erveiras da Amazônia preservam e reinventam tradições passadas de geração em geração. Entre os frascos e banhos de ervas, surgem produtos exclusivos inspirados na COP30.

A comerciante Maria Iracilda criou um perfume especial para o evento, elaborado com essências amazônicas cujo segredo prefere não revelar. “É para trazer boas energias e divulgar nossos produtos e saberes”, explica, mostrando o frasco verde com o nome da conferência.

Já Beth Cheirosinha, reconhecida nacionalmente por suas fórmulas naturais, viu o sucesso do chamado “banho da COP30”. “Está esgotado! É um banho que atrai boas vibrações, porque vem da natureza, vem de Deus”, comenta. Ela também destaca o interesse dos visitantes pelos tradicionais óleos de andiroba e copaíba, conhecidos por suas propriedades medicinais.

Sabores que traduzem a Amazônia
Na gastronomia, símbolo marcante da cultura paraense, os preparativos também são intensos. A feirante Leydeane Modesto, há 27 anos no Ver-o-Peso, ampliou o estoque e treinou a equipe para o público internacional.
“Temos pratos típicos como pirarucu, filhote, dourada e, claro, o açaí. Até contratamos uma funcionária bilíngue para atender melhor os turistas”, conta.

Ela comemora ainda as melhorias na infraestrutura após a reforma do Complexo Ver-o-Peso, que modernizou as redes de esgoto e energia, com investimento superior a R$ 70 milhões. “Agora podemos trabalhar e receber os turistas com mais conforto”, diz.

Sorvetes da floresta
Na Estação das Docas, às margens do Rio Guamá, a criatividade também é ingrediente essencial. Uma das sorveterias mais premiadas do mundo lançou o sabor especial COP30, que combina cupuaçu e castanha-do-pará com pistache, numa fusão simbólica entre a Amazônia e o Oriente Médio.

“É delicioso, tem o gosto do nosso Pará”, afirma a cliente Waldineia Mendonça, enquanto experimenta outros sabores típicos, como tapioca, bacuri e açaí.

Outra sorveteria da orla apostou exclusivamente em ingredientes regionais. “Nosso sorvete homenageia a COP com o sabor de cumaru, a baunilha da Amazônia, com farofa de castanha e geleia de bacuri. É o mais pedido”, conta Jaqueline Moraes, funcionária do local.

A COP da Amazônia
Entre o perfume das ervas, o brilho das cerâmicas e o sabor do cupuaçu, Belém mostra que está pronta para muito mais do que sediar uma conferência. A cidade transforma a COP30 em uma vitrine viva da Amazônia, reunindo arte, fé e sustentabilidade.

Com a criatividade de seu povo e a hospitalidade que a caracteriza, a capital paraense se consolida como o coração da COP da ação e da esperança — a COP dos povos da floresta.

(Da Redação – com informações de Mayara Souto/assessoria COP30)
Fotos: Gabriel Della Giustina e Mayara Souto / COP30
Texto: Felipe Corona

Jornalista formado pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com mais de 20 anos de experiência. Atuou em redações e assessorias de comunicação no setor público e privado, no Amazonas e em Rondônia, e é colaborador de veículos nacionais e internacionais.

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